uma
chuva mansinha
com
jeito de china
que
leva uns galopes,
chegou
despacito
no
rancho do serro
onde
vivo solito
por
gosto no mas...
Bombeei
pra meu catre
esqueci
os compromissos...
Total
pra que pressa?
Eu
faço amanhã...
tira
uma pestana
era
só o que eu queria
coberto
com o poncho
que
a china gostava...
Bonita
e arisca e sempre emburrada,
a
troco de nada
se
foi “a la cria”.
Total
que me importa,
de
barriga cheia,
diziam
os antigos:
“da
até congestão”...
Dormi
como pedra
que
toma cidreira,
“la pucha” que sono
que
chuva cantando.
Uns
lindos “recuerdos”
que
fezem morada
no
peito da gente.
Montei
no meu zaino
um
chucro petiço
que
nunca na vida
ganhou
uma carreira;
emparelhei
a nuvem
que
passou correndo
e
no grito de “bamo”
até
luz destapei.
Lê
juro parceiro
foi
esta carreira
mais
linda e primeira
que
o zaino ganhou.
O
que não inventa
o
tal sonho da gente
pois
foi num repente
já
estava no céu.
No
final da cancha
clarão
de candeeiro
e a
lua, parceiro
um rancho
mostrou...
de
longe se ouvia
violões
e cantigas
e
verso bonito
que
o índio dizia.
Um
rancho de poeta
quinchado
de estrelas
jardim
de poesia
arco-íris
em flor;
conheço
este rancho
gritei
pra meu zaino,
conheço
o gaúcho
na
voz desse taura.
É o
timbre perfeito
da
voz da saudade,
pois
nunca no pago
haverá
outra igual.
Conheço-lhe
as manhas
de
noites boêmias
de
chinas e violas,
pois
fui seu cantor.
Decerto
o Onofre
que
é santo, lhe esconda
o
trago de canha
que
não bebe mais;
pra
que não lhe tente
qual
tantas mulheres
que
foram poesia
em
seus tragos de amor.
Conheço
este rancho
seu
dono, seu mundo
porque
de seu lado
uma
vida vivi;
vaqueano
Fagundes
-
irmão e amigo -
um
baita gaúcho
de
nome Darcy.
Eterna
presença
na
voz de outras vozes
cantando
a querência
ao
som dos violões
enquanto
no pago
chorarem
cordeonas
e
noites de rimas
rondarem
fogões.