UM CAUSO

 Luiz Menezes

 

 

À sombra do meu rancho - hoje tapera

Aboletou-se um dia uma prendinha;

Eu nunca  perguntei-lhe porque viera

Nem ela mesmo disse porque vinha.

 

Se aquerenciou assim, como que à espera

Que eu me engraçasse no olhar que tinha,

Pois diz que embuçalara muito qüera...

De muitos índios já quebrara a espinha.

 

Mas oigatê chinoca! Anjo do mal,

Trazia no olhar - fio de um punhal -

A desconfiança amarga de um proscrito...

 

Foi tanto o desencanto que me trouxe

Que um dia desejei que ela se fosse,

E desde então, sou um infeliz solito!