O SOLITÁRIO DO CERRO
Luiz Menezes
Aquele rancho
Sobre o cerro
Tinha dono;
Era do velho
Tocador
De violão
Hora certa
Passos
lentos
Ele chegava,
Falando ao curso
Magricela
E confidente...
Eram irmãos,
Irmãos de alma
E solidão.
À tardinha
Quando o sol
Se torna triste
Ao apear
No horizonte
Antes da noite,
Ele chegava
Para o rancho
Passos
lentos,
Com os olhos
Submersos
Em silêncio.
Fogo feito
Mate pronto
Cusco perto,
E as estórias
Que jamais
Ninguém ouviu.
Quem de longe
Os avistasse
Pensaria,
Que eram estórias
De fantasmas
E taperas...
Pois no olhar
Daquele cusco
Magricela,
Na forma
De um quadro
Na parede,
Havia o grito
De mistérios
Escondidos,
Dos que não têm
Alguém sequer
Para escutar...
Meses a fio
A mesma cena
Repetida,
Num ritual
Quase místico
Na tarde,
Quando
Ao rancho
Ele chegava
Passos
lentos,
Com os olhos
Submersos
Em silêncio.
Depois
Candeeiro aceso
Viola e canto,
Em memória
Dos amores
Perecidos...
Rodeios
De emoções
Que não
Se apartam,
Quando se traz
Dentro da alma
A dor da ausência,
Dos que
Se foram
Para
Nunca mais
Voltar.
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Por certo
Algum dia
Alguém dirá,
Vendo o rancho
Sobre o cerro
Sem ninguém:
Ali morava
Um velhinho
Solitário...
Era um triste,
Tocador
De violão.