MINUANO
Luiz Menezes
Que se passa contigo,
Minuano?
Que atropelas o rancho
indefeso
Espantando o calor que ali
dorme
Escondido no meio da cinza
De um fogo que há muito
apagou?
Que se passa contigo,
Minuano?
Que pareces querer extinguir
Uma raça faminta que sobra,
Abrigada na desesperança
Dos destroços da era
presente?
Que se passa contigo,
Minuano?!
Eu bem sei que repontas
angústias
Deste Pampa que tu hoje
choras
Sob as folhas do umbu
solitário
Que no ermo do campo
quedou...
Que se passa contigo,
Minuano?
Tu não vês que nos ranchos se
encolhem
Mil piazinhos
de corpos franzinos
A bombear a panela vazia
Na esperança de um dia
melhor?
Que se passa contigo,
Minuano?
O teu grito por sobre a
cumeeira
Faz lembrar-me do canto
esperança
Que apagou nessa estrada sem
rumo,
Cemitério das desilusões!!