UM VERSO XUCRO AO FUTURO
Luis Lopes de Souza
O Transcendente futuro
Desprovido de exemplo
Buscará nos ancestrais
Inspiração para seu tempo...
E o quase maquina homem
Num sistemático luxo,
Seguirá rastos na historia
Campeando o tal de gaúcho!
Nos antigos povoadores...
Gregos, Romanos, Hebreus,
Passado que se perdeu
No pó, no vento, na terra,
Numa cruz sem inscrição
Donde renasce um pagão
Após tombar numa guerra.
Num primata aborígene,
Quíchua, Bugre ou Ameríndio,
Um precursor com origem
De Maia, Asteca ou Inca,
Por Hispanos
predadores,
Latinos miscigenados
Por primórdios campeadores...
Nas cruzes sacramentadas,
De minuano com Tupi,
Charrua com Guarani,
Caingangue com Coroado,
Primitivos castiçados
No rude cio das legendas,
Instinto ritualizado
Em sanguinárias contendas.
Mas... só
no gene inconfundível
De um povo nobre e altivo
Encontrarão no Gaúcho,
Imortal e redivivo
Indiferente ao milênio,
Qual um rei petrificado
No trono de um potro Bueno...
E o mundo mecanizado
Artificial e amargo,
Já sem ter identidade
E nem alma certamente.
Descobrirá no gaúcho
A mais crioula semente,
Que a mão do homem não soube
Mudar geneticamente...
Verão em seu atavismo
Que o modernismo e a ciência
Não teve muita valia
Na recôndita querência,
Não sucumbiu por arcaica
Nem caiu em decadência,
Conservou sua
raízes
Por ter razão e
consciência...
Verão na estranha cultura
Um orgulho requintado,
Por ter bases no passado
Jamais se perdeu a esmo,
Limitou anseios ousados
Para não matar a si mesmo...
Verdade...
O transcendente futuro
Desprovido de exemplo
Buscará nos ancestrais
Inspiração pra o seu tempo...
O gaúcho será o mesmo...
Alma e matéria monarca,
Pois que esta terra tem marca
Gritará eternamente
Seja em qualquer geração,
Vencendo a fúria do tempo
Será mesmo um exemplo
E amor por este chão...!!
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Poema vencedor do concurso
literário do ENART/2004 – Editado pelo MTG na coletânea do 51º Congresso
Tradicionalista/2005