DAS COPLAS DE ALGUM ANDEJO

Luis Lopes de Souza

 

“Como uma clave de vento

entre rudes cantilenas,

é o assovio do adejo

fazendo acordes, das penas...”

 

De algum andejo se ouviu...

o serenal, o encanto,

a magia, o acalanto

num salmodiar de assovio,

essas notas maviosas

que se derramam chorosas

quando a solidão do Pampa

no silêncio se acabrunha...

onde pagão altivago

em pentagrama terrunha...

 

Solito... de algum andejo se ouviu...

como um lamento proscrito

a um cambicho sem razão,

onde a clopa faz escala

no borbonear da ilusão...

 

Entre miragens do amor

de recuerdos malogrados,

surge um rostinho trigueiro

dois olhos lindos faceiros

feitos de luz e pecado,

onde existe a candura

do campo verde orvalhado,

ora em tom de alegria

cantando vidas passadas,

ora imersos de saudades

em noites enluaradas...

 

... visões do amor perdido

dão melodia e sentido

no alolargo das jornadas,

pra tantas clopas plangentes

de notas apaixonadas...

 

É um andejo...

que, tem razões remanescentes

pra seguir caminhos vagos,

os matizes das estradas,

o silêncio das pousadas,

vastidões ermas dos pagos,

lhanuras e madrugadas...

 

 

 

 

 

 

 

Dos amores,

dores...

por isso busca outros rumos

assoviando seus anelos,

favônicos trazem eflúvios

de, outras marcas e outros pelos...

 

... andejar e assoviar

as paixões em suas andanças,

é um atravismo tranqüilo

eu um macho traz como herança,

com busca vã rapinando

da alma sonhos distantes,

leva clopas por consolo

a um coração tão errante...

 

Sonhos...

sonhos brandos de amores

não combinam na verdade,

com os sonhos redomões

que chamam de, liberdade.

Sonhos que...

alguns mermam e se vão,

outros ficam e, são

eternos,

em perene inspiração

das clopas, tristes e

ternas...

 

“Como uma clave de

vento

entre rudes cantilenas,

é o assovio do andejo

fazendo acordes, das

penas...”

 

Desses...

que através da noite

grande

na ronda de seu penar,

ruminam paixões

pungentes

impossíveis e distantes

sem ter rumo pra voltar,

pois, no gauderiar da vida

fugaz, encanecida,

restou saudades perdidas,

que esquecera, de

assoviar...