CONTO ROMANCEADO DE DIA SANTO
Luis Lopes de Souza
Gaúchos, da pampa brava,
urgiam em discordância
barbarizando a querência...
Nesse dia... fim de junho...
o caudilho comandante
ruminava estratégias
pra um embate fulminante!
Foi então que,
a voz de um pressentimento,
alertou sua consciência
pra uma estranha presença...
...a ilusão tomou forma
em sua retina silente,
no vulto de um andarengo
perfilado em sua frente...
Sombreiro de abas judiadas
guardando um olhar de pena...
Os dois palmos de melena
e a barba grande no rosto,
luzindo a prata das geadas
temporonas de
agosto...
“ Que a paz esteja contigo
e em todos os bravos
boenos de
coração...”
Uma voz pairou suave
na ressonância da alma...
malgrado o comandante
a um transe alucinante
de culpa, medo e calma...
Vi no passado...
um mundo habitado por ,
errantes, pobres de espírito
e comparsas de um atavismo profano...
Acabarem sufocando a si
mesmos
num labirinto de fanatismo humano.
esmagando sua própria raça
aniquilando sua própria gente...
Vejo no futuro...
a legenda dessa guerra
por selvagem e sem glória,
os seus netos e bisnetos
repudiarão sua história.
Refletirá teus pecados
na vindoura geração,
e o teu fantasma ancestral
implorará por perdão”
Ah... Irmão...
Bem aventurados campeadores de
paz,
pois terão vau nos caminhos
da estância “Grande do céu”...
...a ilusão se desfez
em sua retina silente,
foi se apagando um clareira do ermo...
Sobreiro de abas judiadas
aguardando um olhar de pena...
Os dois palmos de melena
e a barba grande do rosto,
luzindo a prata das geadas
temporonas de
agosto...
Um pincel sagrado de sol
pintou de luz os galpões...
Se ouvia gestas nos campos
e vozes em orações...
Nesse dia
...fim de junho...
os bravos da mesma terra
mesclaram seus ideais...
Um velho clarim de guerra
cantou um hino de paz que...
que a tantas eras se expande...
Era dia de São Pedro,
padroeiro do Rio Grande...