BALADA DO MATE SÓ...
Luis Lopes de Souza
È um mistério legendário,
O atavismo silente
Do chimarrão solitário.
Sou...dois olhos e uma sombra...
andarengo redivido
no transe do pensamento,
que perfilado no vento
soluça sem ter motivo.
A velha cisma indagueira
se apresenta comovida...
Trazendo insônias providas
de fantasias errantes.
Não me oponho a crer
que minha alma terrunha
é milenar e pagã,
legou a matéria vã
já malfadada e sem glória...
Não serei eu?
a mortalha recorrente
de um fantasma decadente
na ampulheta da história...
Não serei eu?
um campeador de virtudes
rasteando pegadas rudes
no mate dos primordias,
onde renascem gemidos
implorando orações
no terço do nunca mais.
Serei...só um insano, talvez...
Não...
nem a ardência do fumo
Lucidez das labaredas...
nem a incerteza do rumo...
Nada...
Nada tira o silêncio de mim
e desmascara a ilusão,
nos momentos benfazejos
do avoengo chimarrão.
Sim...
É um mistério legendário,
o atavismo silente
do chimarrão
solitário.
O candelabro diurno
escancara o luzeiro
nos olhos tristes da gentre,
um desgarrado cismando
as angustias que não sente...
Esta alma madrugueira
foi se abrindo como um rol,
colheu jujos de sereno
pra ofertar um mate boeno,
ás brasas grandes do sol...