Aqui
o tempo não urge a consciência me sepulta
no
mofo da solidão,
como
a larva do repúdio
ruminando
a realidade
no
abismo do seu casulo.
Aqui
o remorso se propaga
moldado
pela marreta
que
esmaga a polpa do erro
contra
a bigorna da dor.
Eu
que adubei cobiça usando mãos alheias
num
agrário pago que quis só para mim,
plantei
sementes viçosas e impuras
pra
regar lavouras louras de pecados
e
colher safras injustas de fartura...
Acumulei
riqueza nas arrobas da
balança
e o
orgulho tomou conta da seara
no
eito fértil de minha ignorância...!
Aqui
as honras se arrastam
num
vazio alucinante,
confinando
a rebeldia
na
masmorra da demência...
Aqui
a vida se nutre
no
escarro do silêncio
com
evidente abundância
no
oco impune da culpa...
Eu
que soberano no trono de um puro
sangue
castiguei
os maturrangos com puas de
indiferença,
entropilhei
fortunas alçadas e velhacas
e
larguei por refugo a humildade e a
clemência...
Sesmeiro
poderoso criei redomões e
egoísmo
indomável
na luxúria e na ganância,
corruptei
aporreados na força e na
“plata”
pra
nem um corcovo planchar minha
arrogância...!
Aqui
o terror se agranda
entre
a grade imaginária
e a
clareza dos porquês,
uma
legião de fantasmas
se
revezam persistentes
rondando
a alma da gente...
Aqui
a vida sucumbe
e a
morte é tão tentadora
que
convence certamente
ser
urgente e necessária...
Eu
que transgredi caminhos carreteando cifras
pra
surtir de ouro ambições dolosas,
fraudei
tambeiros pra exibir riquezas
no gemido
tosco de cambotas pobres.
Eu
que enchi bruacas de razões errôneas
pra
tropear cargueiros em dimensões só
minhas.
...
comprei prestígio e poderio de nobre
e
zombei daquele despilchado “solo”
que
fomulento me implorava um cobre...!
Sim
errei...!
Mais
do que um erro um pecado...
Sei
que não basta me redimir no desterro
estou
recluso nas grades do próprio erro
cá
nesta cela me vejo contrito e brando...
Como
errante sei que sou imperdoável
um
quase nada, moribundo, miserável
que
certamente segue pecando e pecando...!