Poeira
no corredor ,
Ensimesmadas
coplas ao vento,
Anseios
no semblante estradeiro
E
uma tropilha de sonhos
Manoteando os pensamentos.
São
assim, quando se vão
Os campeiros
desatinados,
Deixando
o rumo das casas
Em
busca d´outros valores.
Os
olhares cobiçosos
Desses
moços da campanha
Vão
engolindo as estradas,
Cambiando
o calor da estância
Pela
ilusão das calçadas.
Campos,
prados e grotas
Ficam
no rastro das botas
E
no olhar dos retirantes
Que
rasgam os horizontes
Em
busca de melhor sorte.
Vão-se
os campeiros,
Degustando
a poeira dos corredores!
Ficam
as taperas,
Abrigando
a alma dos campeadores!
Enfim,
a cidade
E
os olhos pasmos saltam das faces
Numa
expressão de surpresa
-
Que emudece e assusta -
São
léguas e léguas de metrópoles,
São
retesados e frios
Os
que compõem esta paisagem insólita.
La
maula! ... no campo, a lida
era bruta,
Pincelada
de chuvas, frios e mormaços,
Mas
temperaram feito aço
Ginetes,
tropeiros, guasqueiros e esquiladores.
Que
pena! A ferrugem do passar dos anos
Foi
corroendo a memória
E a
altivez desses tauras ...
Hoje,
as mesmas pernas
Que
tremularam nos potros
Entre
alvoroços e domas
E
os mesmos braços que ampararam laços
E
vestiram velos pra iludir tesouras
São
aliados a insensatez
De
desmembrar as estradas.
Ah!
Campeiros, por que fraquejaram?
Por
que não ficaram sonhando
Com
este mundo de muros, mas longe dos rumos
Que
os levaram e embretaram
Entre
os luzeiros comprados
E a
escuridão das favelas.
São
confusos os horários da cidade,
São
furiosos os trens desta metrópole.
E
até parece o boitatá raivoso
Rasgando
a cidade em quatro,
Engolindo
homens nas tocas
Cuspindo
outros no rastro.
Ora
entranhados na terra,
Ora
varando viadutos.
E
os campeiros?
Onde
estarão os campeiros?
Os
que outrora repontaram sonhos,
Hoje,
repontam saudades,
Fazendo
da vida, duras vigas,
Dependurados
no pico
De
algum abismo aprumado,
Fitando
ao longe, abismados
As
tropas tão alinhadas
No invernadão de concreto.
De
dia constroem prédios ...
A
noite escoram barracos.
Eis
o perfil desses campeiros atuais:
Pealando sonhos sem patas,
Laçando
esperanças mochas,
Embuçalando a realidade troncha e amarga,
A
campear pelos campos asfaltados
Rastros
das almas gavionas.
-
Que almas, senhores?
Se
elas de há muito ficaram
Campeando
sonhos alçados
Pelas
taperas caladas...
-
De que valem estas noites de luzeiro
Se
o amanhecer é uma cambona tisnada...
-
Quando clarearem seus olhos
Tomem
por rumo a boieira,
Degustem no más a
poeira
Repontando
seus sonhos pobres.
Deixem
tapera os barracos
E
voltem pro´s seus valores!
Aqui
tem cheiro de pasto,
Tropilhas
pedindo basto
E pouso pros campeadores.