De
tanto gastar sovéus
perderam
a conta dos calos,
sempre
ajeitando cavalos
pra
serventia dos "basto",
trazem
auroras de arrasto
junto
as esporas crinudas,
ponchos
de “alla” nas cinturas
e
os chapelões bem tapeados
sombreando
sonhos alçados
-
zombando tempo e lonjuras.
São
os habitantes do arreio!
São
os senhores do estrivo!
Não
são os mesmos da tribo
que
enfeitam cartões postais,
esses
encilham baguais
com
pradarias no olhar,
sabem
de golpes no ar
e
de tirões campo a fora,
quando
um "pavena"se atora
cambiando
o céu de lugar.
Assim
é a sina dos quebras
que
ensebam as "de garrão"
quando
a lua num tirão
vem
arrastar madrugadas,
hai
mistério nas mateadas
e
no olhar dos melenudos
que
acreditão nos jujos
e num
bocal bem sovado.
-
tropilha xucra é um pecado
pra
quem tem alma nas puas.
Pois
mal o sol cruza nas frinchas
listrando
o negror dos ranchos
e
as nazarenas dos ganchos
lhe
saltam nas garroneiras
duas
estrelas boieiras
com
ganas de pêlo mouro
que
brilham no céu dos couros
quando
um potro corcoveia.
É
lindo ver num palanque
um
ventena cosquilhoso
desses
que arrastam o toso
lambendo
o chão da mangueira,
pra
quem tem alma campeira
este
convite é um "regalo",
e
esses não deixam cavalos
com
ânsias de estrada e poeira.
Nem
o rigor dos invernos
muda
a feição desses tauras
tão
pouco o lombo dos maulas
lhes
tiram tino e razão,
pois
quando o braço fraqueja
lhes
sobra n'alma destreza
e
anseios de um redomão.
Já
no final da jornada,
quando
o chiar das cambonas
empeçam
cantigas velhas
para
anunciar a mateada,
um
taura, afina a guitarra
e
ensaia um verso a preceito,
quer
ver se peala de jeito
os
chucros olhos da amada.
Outro,
co'a idéia distante
-
lá pela banda oriental -
ajeita
basto e bocal
mordendo
um ''toco'' apagado.
-
Ginete ninguém segura -
tá ''lejo'' a semana santa
mas
já está de mala pronta
rumo as ''Criollas del Prado''.
Assim
vão cruzando a vida
tropeando
o próprio destino,
golpeando
algum sonho antigo
que
se perdeu pelos pagos
ou
na ilusão dos teatinos.
Levam
auroras de arrasto
junto
as esporas crinudas,
ponchos
de ''allá'' nas cinturas
e
as almas presas nos tentos
com
o Rio Grande a cabresto,
pra
fazer pátria e fronteira
além
das vãs cordilheiras
nos
prados do firmamento.