NOS OLHOS DAS PENAS
Lisandro Amaral Brião
Quando o “vidro dos meus
olhos” se quebrar ... lá no fim,
vou matear com o velho Rillo num fogão – celeste enfim –
aquecer águas de vida ... da cacimba
que há em mim ...
que as reticências dos poemas
sejam largos lumes a mostrar o rumo
à quem foi - um corpo ... e
terá a alma
pra vestir poesia e saudar seus dias com sorriso novo ...
floresço ... e assim me encontro,
proseando com o hoje,
lembrando que o ontem não finda jamais,
mas troca de nome, ganhando pra uns
ou roubando o presente ... no
futuro de alguns.
Minha mãe
... mil gracias por
esta partilha,
que escorro sorrindo no olho da pena
o gen mais valioso que então
desenvolvo
e em versos devolvo aos teus dias ... morena...
- Há momentos em que a morte
Nos devolve o dom da vida
Nesse fim renascimento
Que apelidamos
... p a r t i d a –
Às vezes morremos nas dores
do mundo
Às vezes partimos nas curvas
do tempo
Porém somos feitos para ir e
voltar
Nos resta sentir todo o tempo que o mundo
Nos deu nesta vida pra rir e chorar
Meu potro esperança com força
pampeana
Clarina, na soga, sua gana estradeira
E eu sovo “potreras”, mateando meus dias
Lonqueando poesias ... pois tenho fronteiras.
O amanhã?
É o rei das esperas ...
Por ser o ponteiro na tropa
do tempo,
Que todos rondamos,
cada qual ... em seu pingo
fundindo vivências nos acampamentos,
ponteando guitarras por tantos domingos,
parando rigores nas abas bem largas
que estampam gauchadas
e mostram quem somos ...
indiada de campo, que moldou-se aos anos,
do pança-de-burro – restaram
resgates,
dos ferros templados: o acaso
do embate;
nenhuma medalha que valha os irmãos
que adubam o chão dos xucros combates –
se a sanga que escorre dos olhos “tupãs”
lavar por inteira a alma dos homens,
“My
madre” ... quem sabe os olhos
dos mesmos,
emprenhem seus gens – em muitos
poemas,
e a vida não finde ... aos
tropeiros do tempo
que só ressuscitam ...
- Nos Olhos Das Penas -