TRIBUTO A UM DESGARRADO
Lauro Teodoro
Quando a liberdade se enfrena
E ruma um campeiro pra
cidade,
Que no vigor da mocidade,
Vai cabresteando,
“o tirão”.
Se sonhava ser doutor,
Só chegou a campeador,
Das saudades do rincão.
O que conhecera do mundo
Aprendeu nos galpões,
Ou ao redor dos fogões,
Quando mateava
solito;
Imaginava ser um tropeiro,
Mas deixou de ser campeiro,
Pra tropear, ecos e gritos.
A sua primeira escola
Foi o lombo dos cavalos,
Acordar no cantar dos galos,
Para as lidas de galpão;
Aprendeu o manejo do laço,
E ganhou força no braço,
De botar xucros no chão.
Alistado ao quartel povoeiro
Ficou sem parceiro pros
mates,
Vivendo longe dos catres
Sentindo-se apartado do
rodeio;
Como um cusco
na corrente,
Que fica rosnindo os dentes,
Pra voltar ao pastoreio.
As mãos que eram rudes
E dedos que sovaram cordas,
Se
agarravam nas bordas,
Da sua crença divina;
Não aguentando
a frieza,
Foi perdendo a destreza,
E o linguajar, perdeu a rima.
Quem aquerenciou na cidade
E vai sustentando a
realidade,
Vive... - a reculutar saudades,
Meio à ganância e artimanha;
Embretando a própria vida,
Sem porteira pra saída,
“Roto”, como teia de aranha.
As duas linhas mestras da
vida
Não se cruzam no pensamento,
São silenciosas como o vento,
Mas deixam marcas pra
história;
Vive ressoando, “a estância”.
Quem traz o passado da
infância,
Engarupado... “na memória”!...