O Caminho dos Tropeiros

  Lauro Teodoro

Cercado de fronteira naturais

a terra das sesmarias

de um alado a muralha

dos aparados da serra,

de outro, o caudaloso Rio Pelotas,

no sul , o profundo Rio das Antas

ao poente, Mato Português e Mato castelhano

de verdes campos ondulados

planalto, coxilhas e arroios,

nas abundantes matas e capões

a majestade dos soberbos pinherais.

 

Seus primeiros habitantes

animais selvagens e índios,

Guaianás, caigângues e Butucudos,

logo vieram os posseiros desconhecidos

atraídos pela farta gadaria.

Depois os povoadores

que mui assustados erguiam

seus ranchos de Santa Fé

trançando as linhas imaginárias

para o caminho dos tropeiros.

 

Desde o século dezesseis

a amplidão das campinas

povoa-se de gadaria.

Chegava então, a era do couro

dando um oficio aos guasqueiros

abrindo um comércio farto

e a porteira para o Rio Grande.

 

Os homens campeiros tocavam

 suas tropas pêlos campos abertos

sem porteira ou alambrados.

Dos Sete Povos das Missões

rumando o Planalto Vacariano,

onde era pouso obrigatório

depois seguiam as jornadas

pela estrada dos conventos

e o passo de Santa Vitória

na confluência do rio dos touros

o caminho para Sorocaba.

 

 

 

 

 

 

 

 

Os séculos foram passando

o povoado foi crescendo,

e logo a fundação da cidade

a Vacaria dos Pinhais.

As tropas traziam a riqueza,

manada de bestas e cavalos,

e cargueiros com bruacas fartas.

 

Nos rastros da tropa

um sacrifício de vidas,

como se nada importasse

na rigorosa chuva,

com sol ou passo cheio,

Nas noites de rondas

ou frias madrugadas

passando meses e meses

em cima dos arreios.

 

No compasso das patas

marcando o verde dos campos

abrindo picadas nas matas

ficava os caminhos

desbravados por tropeiros,

homens valentes,

que fizeram a nossa história.

 

Nas sesteadas e posadas, a ronda

junto a lagoa e um capão de mato

descansa os cargueiros e as bruacas,

ferve o feijão de caldeirão,

o charque e o velho churrasco,

dorme o peão ao relento

estendido sobre o chão duro,

como travesseiro o lombilho,

os forros da xerga e da carona

cheirando suor de matungo.

 

A epopéia aos poucos se acabou

porem, enquanto reverdecer o pasto

se criar o gado e cavalos

e não fabricarem a carne

haverá sempre em algum lugar

homens, como Cristovão de Abreu

embora surrados pelo tempo.

 

Por onde andam esse homens

meus senhores?

Foram tropeiros das bruacas e chimarrão,

abriram os caminhos a casco de cavalos,

e transportaram o progresso deste chão.