MEMÓRIA VIVA DO GALPÃO II

Lauro Teodoro

 

Quando me escoro na roda de mate,
Com alguns gaúchos de agora,
Vou cismando, um triste arremate,
Das lidas e dos costumes de outrora.

Vislumbro um atavismo sonoro,
Que brota nos jovens afinal.
A influência, do modismo do povo,
Mudou o galpão, evoluindo o original.

Pra trás vai ficando a vida no campo,
Silenciou a canga, o paiol e o pilão.
O trator estropiou a cor do pampa,
Virando a terra e o verde do chão.

Não precisa mais do laço para as lidas,
As colheitas cabem na cova da mão.
Onde o quadro intempérie marca a vida,
É a raça humana entrando em ação.

Por mais que a luta da natureza resista,
Sempre existem idéias contrárias pela frente.
Quando perder de vista matos e aguadas,
É que vão se preocupar com o rumo do poente!

Quero fazer ao mundo um grande alarde,
Não vou deixar os costumes chegar ao fim.
Pra quem ama a querência nunca é tarde,
Pra fazer essa gente ouvir os ecos de mim!