A VOZ DA ESTRADA
Lauro Teodoro
Juntei pela estrada da vida
os cacos de minha infância,
fui cavalgando as distâncias,
do passado até o presente,
pra falar o que a alma sente,
fui semeando com
liberdade,
a terra me deu majestade,
colhendo a melhor semente.
Contei os anos na estrada
que se passaram por mim,
e fui aprendendo
assim,
os limites da
essência.
Conhecendo a sobrevivência,
na carreta do peito nobre,
a minha herança de pobre,
pelas estradas da querência.
Me cruzei com a miséria
na boca dos excluídos
onde os sonhos perdidos
se misturam com a poeira
que não passam da porteira
pra sonhar com uma invernada
vivendo a margem da estrada
deserdados, de eira e
beira.
Por vez ouvi voz das cruzes,
que pediam por clemência,
das almas que a existência,
por vez não santificou.
E rondando por ali ficou,
de sentinela nas coxilhas,
talvez a de um farroupilha,
que pelo pampa tombou.
Passei por muitas encruzilhas
e quase fraquejei no chão,
mas resisti a
cruel tentação,
da ganância, ódio, e do desatino.
Porque desde quando menino,
fui humilde,
justo, e guapo.
E talvez tenha o sangue
farrapo,
nas veias do meu
destino.
A estrada me envelheceu
e o tempo não volta a traz,
nas trilhas que a agente faz,
nasce o pasto e cobre o capim.
Que se apagará no tempo
assim,
Mas na
estradas da ilusão,
os sonhos semeados chão,
ficam pra quem
passar depois de mim!!!