Fui me enfurnando...
Como fazem os olhares
nas distâncias longas!
Como fazem as almas guitarreiras, junto as brasas,
Depois que as
porteiras tombam e as milongas
Vão se esparramando, igualitas as tropas
Em pouso de estrada,
distante das casas!
Então...
Sou fogo: - Um aqui,
que ataca
A virar cabeças p’ra o sem fim do rumo
E, acolá – alumiando
na restinga quieta –
Namorando a aguada,
sou fogão ponteiro
A clarear sovéus e tisnar estacas!
E, quantos...
São tantos e tantos,
ainda piazitos, ao redor do fogo,
Repassando cuias e a
lotar cambonas!
Oigalê Rio Grande!
Quando desencilha –
para fazer muda – tem fletes de sobra,
Porque traz tropilhas
de almas gavionas!
Sim!...
Os horizontes – p’ra quem segue rastros pelo mundo a fora –
Tem mundéus armados
aos que andejam lerdos a levar repontes!
- Não basta ao
horizonte, recortar as cores do verde e do azul!
Para quem se vai –
pela vez primeira – Tropereando a sorte,
É esmeralda o campo e
azulego o céu!
Tem preciosidades
seja ao Norte, ou Sul!
Ah, Rio Grande Velho!
Em ti, o florão dos
sonhos é um centauro altivo
- Sem bocal no queixo
– que a metade homem
( A história conta) refugou faz tempo!
Olho neste espelho,
bem lá, fundo ao peito
E me abanco, manso,
num cepito baixo,
A bordonear
versos, imitando o vento!
Por isto, me
enfurno...
Cada vez mais longe,
vou campeando trilhas
- Desde as nascentes
do Ibirapuitã – no tordilho Vida!
Sim!...
Chama-se Vida meu
tordilho amigo, de fazer apartes!
Repontar a arte
destes homens simples, iguais coronilhas!
Talvez...
Este rio da infância, tenha na barranca de
um lagoão perene,
Algum olho d’água que nos mata a sede dos
velhos costumes
Ou, quem sabe, a
terra – com cinzéis de prata –
A copiar estrelas nos
fez vaga-lumes!...
Mais e mais me
enfurno
Pelas grotas fundas
dos rincões agrestes
Onde – por macaieiro – tenho um rancho–alma
Sob um “móio brabo”- Num perau maciço!
Ah, sim, tenho
estradas longas, pampas e milongas
Guitarreando vozes, nos planos e cristas!...
A tranquear,
no rumo, meu tordilho arpista
Escarceia – guapo a semear feitiços!
Ah, flete andarengo
Pois – mesmo na soga – estradeia ao largo do
clarão do fogo,
Repisando o rastro d’algum sorro
alçado no ermo do campo!
Quando a boieira avista em seu catre
O pelegão
mouro das barras do dia a pintar o céu
Sei, que ao cansar de
mate, vou bombear o vulto
Deste meu tordilho –
a trocar orelhas – lambendo o sovéu!
São essas
distâncias...
( Minha voz se embarga)!...
Pago, me desculpa
Se daqui me vou nesta
recorrida!
É que pelas rondas
destas tropas largas,
Quase sempre escapa
- Do laço mais forte
–
Meu tordilho... VIDA!