TEMPO DE AMAR.

Jurema Chaves (do livro Tropilhas de Afago)

 

  

Regressastes enfim, e agradeço a  Deus

Pelos sonhos meus, pela esperança.

Que venceu o tempo e engoliu distancias.

A esperar por ti, varei invernos,

Cruzei infernos rompi barreiras,

Ressacas de mares e fronteiras

Mas desistir, jamais.

Fui armazenando no silêncio do meu peito

Ternas auroras para te ofertar.

 

 

Uma força incrível, indestrutível,

Fez-me tão forte  para os temporais

A fé em Deus, que criou o amor,

Dava-me a certeza que voltarias,

Mais dias menos dias

Abririas a cançela novamente

Adentrarias pelo rancho sorridente

Para descansar teu cansaço em meus abraços,

Fazendo o sol brilha no rancho triste,

Triste e só, sem a tua presença.

Sempre que o vento batia a cançela,

Em altas madrugadas, horas mortas

Eu corria ansiosa abrir a porta

A espera de ti,

Mas só o silêncio , e nada, mais nada.

 

Gastei as retinas bebendo horizontes

Tentando compreende porque te fostes

Se na verdade, não querias ir,

O olhar magoado, o poncho emalado

E tu ias partir.

Deixando o frio na noite calada,

Um rastro na estrada, e uma dor em mim.

Mas, ficou a esperança, a fé que não cansa

E a luz desse amor,

E toda certeza, que ias voltar,

Guardei a guitarra, pequenas canções

Bordei ilusões... agora é esperar.

 

 

 

Porem o dia hoje, acordou bem mais cedo

Sabendo que chegarias  antes do entardecer,

As patas ágeis do pingo a engolir  distancias

Entropilhando as ânsias de quase morrer,

Pois nunca é tarde para esperanças

Nunca é cedo para regressar

É sempre tempo de buscar a vida

É sempre tempo pra recomeçar.

 

Agora estás de volta,é quase sonho!

Mergulhada em teu olhar tristonho

Um soluço me embarga a voz,

O amo que nos une,é tão sublime,

Que o erro do passado se redime,

E um céu de estrelas, abrir-se-á pra nós.

Vendo-te assim, meu gaucho pampa

Com um sorriso doce a iluminar-te a estampa

Que sempre foi meu mundo, e a minha paz.

Foram séculos de esperas, nesses amargos silêntes

Chorando risos ausentes, tão exilada de ti.

 

 

Que força infinita há

Nesse amor que habita

Em cada um de nós,

São laços perenes a nos unir  cada vez mais.

Sem mais despedidas

Sem partir a vida,

Não mais o adeus,

Somente teus olhos

Pousados nos meus.

 

Pendure o teu poncho na parede

Desencilhe o pingo , e senta-te aqui,

Nesse banco tosco que ficou vazio desde que partiste,

Com um jeito triste, sem razão de ser.

Vou cevar um mate para a tua sede

Te chegues pra perto, bem junto de mim,

Abraçe a guitarra, parceira na dor,

Que muda quedou-se esperando por ti.

Acorde a poeira desata teu canto,

E canta gaucho, teu canto da amor.

 

 

Agora que estás de volta nada mais importa

Nada mais impota, para que chorar.

Deixe que a saudade se desfaça em versos

Que a lua branca, venha te escutar,

Que a passarada faça sinfônia

Que os anjos entoem, um hino de paz

Que as águas murmurem seu canto dolente,

Que o sonho da gente, se possa embalar,

Que as flores perfumem o toque dos ventos,

Pedindo pra o tempo, um pouco de tempo,

Pra que, perder  tempo

É tempo de amar!