SENHORA
Jurema Chaves
Vejo uma pobre senhora
vagando a beira da estrada
no asfalto ou na calada
mostrando a desproteção.
Vivendo na mendicânçia
guardando com lembrança
o riso de uma criança
dentro do meu coração.
Quantas vezes em seus braços
embalaste teu filhinho.
Cheia de amor e carinho,
vê-lo crescer, que alegria.
E lutando noite e dia
pra dar-lhe a felicidade.
O teu filho foi crescendo
e tu perdendo a mocidade.
E a razão da tua vida
foi tomando outro caminho.
Pois cresceu oi teu filhinho
e tu ficaste sozinha.
Gastaste tudo o que tinha
pelo teu filho adorado
agora que tu precisas
já não está ao teu lado.
Com o passar dos anos
ele, porém cresceu.
De tudo o que ela sofreu
passando noites de sono
pra hoje neste abandono
findar os seus dias, senhora,
e dói aqui no meu peito
o pranto que você chora.
Hoje, o peso dos anos
marcando seu rosto triste.
Saudade é tudo que existe
do tempo que foi amada,
do lar onde foi rainha,
mãe, amiga dedicada.
Agora, os braços vazios
e a alma tão machucada.
Quando vê uma criança
segue-a, com o olhar tristonho
fica revendo em seu sonho
seu próprio filho brincando
por ela sempre chamando
Mamãe, mamãezinha querida.
Voltando a realidade
na solidão esquecida.
Ao fitar este teu rosto
que é o espelho do futuro
tão incerto e inseguro
ninguém pra pensar
nem tentam te ajudar
nesse teu sofrer profundo
deste amor a vida inteira
ficou tão só no mundo.
Pra mim sempre serás mãe.
Bela, jovem ou bem velhinha.
Tu sempre serás a rainha
aqui no meu coração
dói ver teu sofrimento
sei que dormes ao relento
tão só com teu pensamento
no meio da multidão.
Vamos amar nossas mães
que nos deram a juventude.
Gastando força e saúde
só para nos ver contentes
nos amamos docemente
ensinando o bom caminho
merecem de teus filhinhos
ganhar o céu de presente.