SAUDADES DO TROVADOR
Jurema Chaves
Saudoso Gildo
de Freitas,
Lá do céu ouve meu canto,
Lavaste nesgas de encanto
Quando te foste, daqui,
No cantar da juriti
Que também entristeceu.
Ninguém aqui te esqueceu,
Hoje cantamos pra ti.
Encantaste nosso povo
Como Rui dos trovadores,
Tuas sementes de amores
Brotam, resplandem e florescem,
Neste versejar em prece
Que nasceu do teu cantar.
A inspiração faz brotar
Teus sonhos de liberdade
Como gotas de saudade
Que brotam do meu olhar.
Deixastes para teus fãs
Uma mensagem de carinho.
Na “História dos Passarinhos”
A eterna recordação,
Nas rodas de chimarrão,
Entre trovas e poesias,
O teu cantar de alegria
Que até hoje se expande,
E, aí, onde quer que ande.
És o trovador,dos
pampas.
A mais legítima estampa
De um cantador do Rio Grande.
Por isso, Gildo de Freitas,
Que o vento traga pra nós
O encanto da tua voz,
Da imensidão do infinito.
Na “Definição do Grito”,
Que igual, não tem quem faça.
Orgulho de uma raça,
Não recusava a peleia.
Tua alma hoje passeia
Sobre uma nuvem que passa.
E, ouvindo o teu cantar,
Todo o pago se emociona.
O som de uma cordeona
Desperta o Rio Grande
inteiro,
Este grande cancioneiro
Que todo o Brasil conhece,
Tua ausência nos entristece,
Teu nome ficou na história,
Saudamos tua memória
Com versos feitos em prece.
Hoje sorves teu amargo
Ao lado do Patrão Santo,
O povo que amaste tanto
Está aqui reunido,
Todos cantam comovidos
Trançando o mesmo sovéu,
Que seja jogado ao léo
No mesmo tiro de laço.
Receba, o nosso abraço,
Aí, na estância grande do
céu.