PROMESSAS

Jurema Chaves (do Livro Tropilha de Afagos)

 

 

NÃO, não me olhes assim

Com este jeito e menino triste,

Que ousado insiste, em me perseguir.

Desvie estes  olhos  de dentro dos meus,

Pelo amor de Deus, deixe-me partir.

 

Teus olhos são lindas promessas de amores

Caminhos de flores, que sempre busquei,

Teus olhos,  dois mundos os mais belos do mundo

Suaves e profundos, onde eu me encontrei.

 

Quando me olhas com tanta ternura

Me abala a estrutura, perco a postura

E fico sem chão,

Fingindo não ver, disfarças, provocas...

Sabendo que tocas, no fundo de mim.

 

Porque não te calas, olhar feiticeiro?

Moleque brejeiro,

Que alumbra meu mundo e encanta meu ser,

Se vais e não voltas, quase enlouqueço,

Na ausência adormeço, sonhando esquecer.

 

 

Mas só faço lembrar, querer e buscar esses olhos teus,

Que guia meus passos, rouba meus espaços,

E parte em pedaços os versos escassos

Que tento escrever.

Roubando dos anjos palavras benditas,

Frases bonitas que possam dizer,

O quanto eu te amo,

O quanto te quero por tudo que és,

Te amar é viver!

 

Não olhes pra mim, fingindo não ver-me

Eu sei que me queres, não ousas , dizer

Por isso te peço, não brinques assim,

Se finjo não ver-te é de tanto querer-te,

Tentando esquecer-te, eu esqueço de mim.

 

Teu olhar me fascina, me prende, domina

Desarma meu ser.

Sou peixe sem rio, sou tigre bravio,

Sou fera no cio, sou pura paixão,

Sou louco, sou potro,

Teimoso e indomável, sou doce  e afável

De rédeas no chão.

Por isso te peço, não me olhes assim,

Com esse olhar de sol, varando as águas,

Desnudando minha alma, simplesmente,

Desatando os tentos desatentos dos meus sentimentos,

Embuçalando devaneios por aí,

Na invernada dos teus olhos sedutores,

Onde eu me encontrei, e me perdi.!

 

 

Apague esse brilho de orvalho em teus olhos,

Promessas silentes de  amor e paixão,

Por isso não olhes pra mim desse jeito

Que o amor em meu peito, atropela  a razão,

Pois estou tentando juntar os pedaços,

Reunir os cacos, do meu coração,

Encontrar desculpas, remediar  a culpa,

Perdoar, talvez,

Remendar os trapos, da alma em farrapos

Renascer de vez,

Ouvir os teus lábios, confirmarem as juras,

De amor e ternura,

Que o teu olhar , me fez.!