POETA TRISTE

                           Jurema Chaves

Mesmo com a alma machucada
Seguirei, passo a passo, meu caminho
Levando no peito uma dor cristalizada
No olhar, a embriaguez do teu carinho

Em noites invernais, vazias
Adormeço abraçando a solidão
Toques silente de melancolia
No pulsar tristonho do meu coração

Há uma cálida tristeza revelada
Em cada gesto, uma sombra que persiste
Em sufocar no peito essa dor calada
Fazendo nascer esse poeta triste

Em divagações, bebendo lonjuras
Buscando a paz azul do teu olhar
Navegando em mares de loucura
Sou um barco de papel a naufragar

As mãos indóceis que conduzem a vida
Em cada cicatriz da minha estrada
Vejo teus olhos a me pedir guarida
E eu caminhando em direção ao nada.