Pai

 Jurema Chaves  

 

Meu pai, quando te vejo

Sobre esse cepo sentado

O olhar acabrunhado

Talvez pensando na vida

Tua voz entristecida

Com saudosa nostalgia

Do tempo que longe vai.

Da tua estância e o gado

São recuerdos do passado

Coisas da vida, meu pai.

 

Lembras tua mocidade

A campanha onde moravas

E cedo te levantavas

Para lidar na mangueira

E junto ao fogo de chão

Sentava a família interira

E tomavas teu chimarrão

Com mamãe tua companheira.

 

Te via sempre sorrindo

E quando a noite chegava

Teu violão abraçavas

Pra cantar versos de amor

Com emoção e calor

Cantavas teu Rio Grande

Onde a beleza se expande

Nos versos de um cantador.

 

Cheio de amor e carinho

Abraçado no teu pinho

Tiravas notas sentida

Dos desenganos da vida

Fazias uma canção

Não quero ver-te tristonho

Pois me ensinaste que o sonho

E a força  do coração.

 

Tu sempre te orgulhaste

Deste teu sangue gaúcho

Viveste sempre sem luxo

E na tua simplicidade

Ensinou-me a lealdade

O amor a tradição,

A fraterna comunhão

E a nossa hospitalidade.

 

Eu agora estou crescido

E tu ficaste velhinho

Mas não fiques triste, paizinho

Pois hoje eu estou aqui

Fazendo o que aprendi

Contigo velho adorado

Gaúcho bom e honrado

Eu tenho orgulho de ti!