MATE DA MADRUGADA
Jurema Chaves
Sou um soldado do verde
Pampeano, sim, e não nego!
Vou à luta não me entrego
Morro queimando cartucho,
Pelo Rio grande gaúcho
Hino de amor que carrego.
Defendendo a natureza
Com garras de potro alçado
Um espelho d’água sagrado
Riacho da minha infância
A balançar em ondas mansas
Pequeno barquinho a velas
Sou Colombo em caravelas
Transportando a esperança.
O verde da minha terra
Encantam meus olhos mansos,
No lago, doce remanso
Os peixes brincam sem medo...
E na sombra do arvoredo
Uma orquestra de pardais,
Emplumadas vozes de cristais
Encantam nosso viver!
Eu não consigo entender
Por que o homem desmata
Tirando o verdor das matas
Por ambição e poder.
Crianças da minha terra
Vamos j cuidar com carinho
Do pequeno passarinho
E da flor que nasce a-lo-largo
Que as rodas de mate amargo
Sejam prece em comunhão
Com seivas do coração
Semeando amor nesse pago.
E que possamos beber
O céu na concha das mãos
Em sublime devoção
No espelho das vertentes,
A natureza contente
Matizando em profusão,
Andorinhas mensageiras
A drapejarem bandeiras
De asas na imensidão,
Borboletas-fantasia
Brincam na colcha do dia
Semeando cores no chão.
Fazer do meu pago sul
Um cenário de beleza
No altar da natureza
Com a alma ajoelhada
Ter seresta e passaradas,
As flores beijando estradas
Revoada de beija-flores
Sorvendo essência de amores
Numa brisa perfumada
Enquanto chia a cambona
Pra o mate da madrugada!