Herança Gaúcha

 Jurema Chaves  

 

Sou herdeiro deste pampa

Peãozinho farroupilha

Criado nessas coxilhas

Ouvindo o berro do gado

Minha canção de ninar

Foi o trotear do cavalo

E como gaúcho que sou

Tenho este entono de taita

Num choramingo de gaita

Fandangueio a noite inteira

E por uma prenda faceira

Fico dono do rodeio!

 

Na sombra de um velho umbu

Junto meu gado de osso

Num flete que é um colosso

Reponto sonhos piá

E garanto que não há

Outro recanto mais lindo

Onde o sol nasce sorrindo

E a brisa perfuma o ar.

 

Gosto da lides campeiras

Que meu pai vive a ensinar

Para que eu saiba respeitar

Esse solo abarbarado

E este lenço colorado

Que trago preso ao pescoço

Eu sou o Rio Grande moço

Com orgulho do passado.

 

Estes costumes campeiros

Que passa de pai pra filho,

E esta estampa de caudilho

É herança dos avós

Que brota dentro de nós

Com estoicismo e talento

E a coragem de Bento

Em defesa do rincão

A tradição, minha gente

É uma estrela incandescente

Que brilha constantemente

Num gaúcho coração!