FILHOS DA RUA
Jurema Chaves
Minha pequena criança
assim tão desprotegida
pedacinho de uma vida
de alguém que te ignora
que talvez por desespero
ou por não ter coração
te deixou neste abandono
ás margens da perdição.
Dói tanto ver a tristeza
estampada em teu rostinho
desejas tanto um carinho
a ternura de um abraço
no calor de uma família
ter uma mãe, um regaço,
o aconchego de um lar
unidos num forte laço.
Eu vejo nos teus olhinhos
marejados pelo pranto
só te sobrou desencanto
pois não tens com quem contar
és fruto de uma aventura
de quem não soube te amar
pagando erros de adultos
vives no mundo a rolar.
O futuro é tão incerto
pedacinho de esperança
tu, minha pobre criança,
que sofres por desamor
pintas num quadro sem cor
o mundo...Teu inimigo,
e os culpados somos nós
que não te demos abrigo.
Sonhando com a boneca
ou com a bola na vitrine
o menino ou a menina
sufocando os ideais
na dura realidade
não têm um lar, não têm pais.
deita o corpinho cansado
numa cama de jornais.
Eu queria neste dia
devolver os teus direitos
te abraçar junto ao meu peito
muitos presentes te dar
te devolver a alegria
fazer a vida cantar
te embalar nos meus braços
numa canção de ninar.
Outubro mês da criança
aos senhores governantes
o que peço neste instante
um pouco mais de atenção
e esses pingos de gente
que sofrem discriminação
vamos salvar as crianças
que são o futuro da Nação.