ETERNIDADE
Jurema Chaves
No outro extremo da vida
A alma livre passeia,
Nas noites de lua cheia
Sentada a beira do lago,
Poder sentir o afago
Do sopro do minuano,
E livre dos desenganos
A alma pode voar
Sem correntes, sem algemas,
Livre de todas as penas
Que sofri por te amar.
Terei toda a imensidão,
Não sentirei solidão,
Terei enfim, o descanso,
E na calma do remanso
Ficarei a balançar,
Naquele frágil barquinho
Que fiz com um pedacinho
Do azul do teu olhar.
Terei asas, e voarei,
Junto com a passarada
Serei então na alvorada
Mais um pássaro a cantar,
E para te despertar,
Virei num raio de sol,
Colorindo o arrebol,
E te envolver num abraço
Para seguir os teus passos
Serei raio de luar.
E livre desta gaiola,
De egoísmo e preconceito
Terei então o direito
De esperar e te querer,
Todo o amor te oferecer
Florindo a eterna alegria.
Pois saberei, qualquer dia,
Viajarás para o espaço,
Para pousar nos meus braços
Num eterno amanhecer.
E lá, no reino infinito,
Vestindo azul mais bonito
Mais uma estrela, serei,
E assim te seguirei
Na plenitude sem fim.
E quando olhares pra mim
Verás o amor que plantei.
Se uma lágrima rolar
Caindo do teu olhar
Foi saudade, que eu deixei.