DESPEDIDA DO POETA
Jurema Chaves
Dia quatro de dezembro
De mil, novecentos e noventa
e um,
Foi um dia incomum,
Marcou a fatalidade
No calendário da vida,
A mais triste despedida
Nos
cobrindo de saudade.
MÁRIO BANDEIRA, o poeta.
É mais uma estrela que brilha
Engrandecendo a tropilha
De luzes no firmamento.
Quem trançou tento por tento
Carinho e amizade,
Terá pra Eternidade
Nosso reconhecimento.
Partiu em nuvens de versos
Ao rumo do infinito,
Buscando o azul mais bonito
Pra sua eterna morada,
Pra poder nas madrugadas
Galopar raios de lua,
Beijando a pampa chirua,
Renascendo em alvorada.
Hoje a orquestra celestial
Tem mais uma voz que canta.
Com a alma na garganta,
Canta... Canta,
tio Mário Bandeira.
Que esta terra altaneira
Pra te aplaudir se levanta.
Sei que tua alma bondosa
Reina na glória divina,
Numa estrela matutina
Mande pra nós os teus versos.
Venha embalar o Universo,
No encanto das tuas rimas.
Venha numa nuvem branca
Semear teus sonhos de paz.
A vida não volta atrás,
E o tempo segue rodando
É o Rio Grande chorando
A falta que tu nos faz.
Até os pássaros cantam
tristes
Reclamando a tua ausência,
O teu carinho era a essência
Da tua grande amizade,
Teu nome, hoje é saudade,
Está de luto a querência.
Estás cantando no céu
Pra Santa Virgem Maria
Teu vercejar
de alegria
Transbordando de ternura.
Poeta de alma pura
Aos anjos faz companhia.
Quanto mais te conhecia
Muito mais te admirava,
Pois aplaudia e cantava
Com a mesma simplicidade.
Era ternura e bondade
No teu jeito fraternal
Um amigo sem igual
Razão de tanta saudade.
E despediu-se, o poeta,
Dos amigos e dos irmãos,
Entre trovas e orações,
Tentando falar com Deus
Neste derradeiro Adeus.
Entre lágrimas e carinhos
Da esposa e dos netinhos
E também dos filhos teus.
Espero que alcance o céu
A rima deste meu verso.
Da imensidão do universo
Me ouças, aí do espaço.
Levou contigo, um pedaço,
Desta pampa brasileira,
Saudoso Mario Bandeira,
Recebas, o nosso abraço.