CHIMARRÃO DA SAUDADE
Jurema Chaves
Canto em versos minha terra
Em rimas canto meu pago
Transmito o amor que trago
Nas asas da emoção
Coloco meu coração
Na cuia do mate-amargo
Com resquícios de saudade
No peito fazendo afago.
Na bomba o gosto do beijo
De alguém que se despediu
E pra bem longe partiu
Levando minha alegria
Deixando a melancolia
Neste meu peito vazio
Uma imensa solidão
Nas longas noites de frio.
E água quente parece
Com o pranto que derramo
Sempre que por ti eu chamo
Na solidão que me envolve
A vida não me devolve
Da tua ausência eu reclamo
Na cuia do chimarrão
Vejo o rosto de quem amo.
Na erva sempre verdinha
Vejo a luz de uma esperança
Na minha alma criança
Que ainda por ti espera
Que tragas a primavera
Na flor que o vento balança
No encanto do teu sorriso
Que guardo em minha
lembrança.
Este porongo conserva
O calor de tuas mãos.
Que aquece meu coração
Aqui nesta longa espera
Já não sou mais quem eu era
Levastes minha ilusão
Quando então te despedistes
Deixando este beijo triste
Na bomba do chimarrão.
Hoje sorvendo este amargo
Lentamente tão sozinha
Sempre que chega á tardinha
Acelerando o compasso.
Da minha alma em pedaço
Esperando a tua volta
Eu te vejo abrindo a porta
E me envolver em teus braços.
Este mate simboliza
A minha amada querência
Toda minha convivência
Aumentando esta amizade
O sonho, a realidade.
Que contam uma existência.
Do amor toda a essência
no, chimarrão da saudade.