CANÇÃO DE EMBALAR SONHOS
Jurema Chaves
Quero sair por aí, parar no meio do
nada
Buscando novas estradas,
antigos rastros perdidos
Ter a brisa perfumada a
despertar meus sentidos
E um sussurro de prece, a
acariciar meus ouvidos.
Sorver partículas de uma paz
constante
Mirar horizontes, beber as distancias
Na taça do olhar,
E poder enfim, voltar pra
dentro de mim,
E me encontrar.
Alar os meus sonhos, pôr meus
pés de ventos
Estacionar o tempo, viver
minhas loucuras
Na eterna procura de um mundo
melhor
Viajar na lua, desfilar em
ruas pintadas de azul,
Com um sorriso aberto, ver o
céu de perto
Tocar as estrelas, por
instantes tê-las
Presa entre meus dedos,
desvendar segredos
Esquecer meus medos, ser
apenas eu.
Andar por aí sem
comprar passagem
Levando na bagagem um sonho –mensagem
Usando a linguagem que o amor traduz,
Ser um colibri entre os
girassóis
E nos arrebóis me incendiar
de luz.
Encontrar olhares e sorrisos
francos
Ter como acalanto a canção
das águas
Esquecer as magoas, não olhar para traz
Pois a vida é efêmera,e o sonho tão fugaz,
Pois não vale a pena
conservar rancores
Tantos desamores que nos
causam dores,
Redescobrir valores na
simplicidade,
Esquecer vaidades e a
prepotência
Na mais pura essência da
humanidade,
Seguir sempre em frente, ser apenas gente,
Num gesto de amor, tão
simplesmente.
Construir altares sobre uma
cascata
No verdor das matas, entender o céu.
Recolher a chuva de sereno e
prata
Que o luar desata num dourado
véu.
Ver as borboletas cirandando
os ares
Buscando seus pares,
matizando os campos,
Ver os pirilampos ascenderem
seus luzeiros
Iluminando o Rio Grande inteiro
Emoldurando de ternura os olhos meus,
Trançar o poncho da noite,
com as rendas claras do dia
E numa rede, embalar sonho e magia
E ter a poesia pra falar
com Deus!