BRUXINHA DE PANO

 Jurema Chaves

 

Minha bruxinha de pano,

onde andarás esta hora?

Não sei se te joguei fora

ou se te esqueci em algum canto.

Pois contigo eu brinquei tanto

ficou do sonho, a saudade.

Guardada com ansiedade

sufocada pelo pranto.

 

Naquele mundo inocente

minha boneca singela.

Eras a coisa mais bela

tão feliz eu te embalava.

Uma canção eu cantava

brincando de te ninar.

Fico agora a recordar

onde contigo eu brincava.

 

Tu, minha doce bruxinha,

que enfeitou minha infância.

Os meus tempos de criança

nos brinquedos de casinha.

Com a minha bonequinha

eu montava o meu castelo.

Pedacinho mais singelo

nos sonhos da garotinha.

 

Na incoerência da vida

o tempo passa voando.

E com ela vai levando

pedaços da vida minha.

Dos lindos sonhos que tinha

ficou tudo na distância.

Foi embora minha infância

levando a minha bruxinha.

 

Eu quisera novamente

te embalar nos meus braços.

Poder juntar os pedaços

que o tempo vai separando.

Nos faz de conta...Brincando,

me restou a saudade.

que aquece a realidade

e a vida vai nos mudando.

 

Na vida simples do campo

onde a boneca de pano.

É o brinquedo soberano

nos braços de uma menina.

Descalça sobre a colina

corre sonhando acordada.

Carregando entusiasmada

sua bruxinha querida.

 

As vezes sonho contigo

com teus olhinhos pintados.

E teu vestidinho enfeitado

que fiz com tanto desvelo.

Era de lã teu cabelo

mas eu te achava bonita.

eras minha bonequita

da infância, o meu sinuelo.

 

Me perco em divagações

sorvendo a doce lembrança.

Dos meus tempos de criança

minha amiga preferida.

Tu não serás esquecida

apesar dos desenganos.

Minha bruxinha de pano

pedaço da minha vida.