Almas Gêmeas

Jurema Chaves

 

O porquê dos meus silêncios

Dessas ausências que trago

Só tu conheces o segredo

Só tu entendes meus medos

Só tu sabes, só eu sei

O quanto dói a saudade

Quando a tropa das lembranças

Nos traz o rosto de alguém.

 

Quando teu rosto moreno

Se emoldura em meu sonho

Do qual não quero acordar,

Deixe que a noite amanheça

Que o sereno umedeça

A brancura do jasmim

Deixe meu sonho contente

Onde teus braços ausentes

Adormeceram em mim.

 

Me perco em divagações

Na luz desse teu olhar

Que incessantemente vivo a buscar

Meu refúgio, meu abrigo

Cabresteando minha alma inquieta

Tento ser poeta para falar contigo.

Pelas sombras dos caminhos

Entre pealos e tombos

Camperiando verdes sonhos

Buscando por teus carinhos.

 

Quando tua imagem ressurge

Do meio da multidão

Sinto lágrima na voz

E festa no coração

A doce magia que nos aprisiona

Nessa vida xucra e redomona

Plantou em nós tanto querer

Que no decorrer do tempo

Entre encontros, contratempos

Não tivemos tempo para esquecer.

 

E como esquecer ??

Se estás em mim, e estou em ti

Somos almas gêmeas

Amor sublimado, presente de Deus

Se o cruel destino, por mero capricho

Se fez nosso algoz

E em cada recanto dos cantos da gente

Guardamos somente ternuras de nós.

 

Ternuras de um mundo que é só nosso

Onde a paz faz fluir a oração

Nessa mescla de canções e poesias

Num brinde divinal de fantasia

Há uma sinfonia escrita a quatro mãos.

Há uma harmonia infinita a nos unir

Na sublimidade de um amor sem fim

Sou notas de um canto em harmonia

És poesia que rebrota em mim

Para semear cantos de paz

Mundo de emoções e sentimentos

Brilho de uma estrela milenar

No veludo azul do firmamento.

 

Não queremos chegar ao fim da estrada

E ter lembranças perfumadas

De tudo o que fomos e sentimos

Restar somente uma flor amarfanhada

Versos de um poema inacabado

Resquícios de ilusões da mocidade

Guardando digitais, sonhos, desejos

Que ficaram no carimbo de um beijo

Na promissória perene da saudade.

 

Queremos muito mais do amor da gente

Deixar vestígios, sementes

Desse amor iluminado

Sobre lírios perfumados

Que a noite morna orvalhou

Numa prece de ternura

Na brisa beijando a flor...

Me calo, pois tenho medo

De revelar o segredo

Dos meus poemas de amor.

 

Esse amor, maior que a vida inteira

E que estará em nós em todos os lugares

Entrelaçando ternuras

Brindando promessas, juras

Na muda linguagem dos olhares

Te busco, na mensagem do silencio

Me buscas, nos mistérios do impreciso

Pealando estrelas no infinito do meu tema

Para eternizar a doçura de um poema

Que nasceu do teu sorriso.