A CANÇÃO DA MINHA INFÂNCIA
Jurema Chaves
Naquela casinha branca
que, hoje, é uma
triste ta\pêra
vivi tantas primaveras
semeando e colhendo flores
aos meus sonhos de quimera
nada mais é como era
nasceu saudades e dores.
Tudo ali era alegria
lembro as noites de verão
meu pai com seu violão
cantava para o luar,
a mamãe lhe acompanhava
tudo me emocionava
hoje, resta recordação,
ás vezes pereço ouvir
a voz dos dois a cantar.
Naquelas noites bonitas
o luar cobrindo o campo
duas vozes num só canto
de romantismo e beleza
se juntava á natureza
na dança dos pirilampos
eu aplaudia e sonhava
num mundo cheio de encantos.
Hoje com a voz embargada
num soluço de emoção
eu sinto meu coração
falando dentro de mim
recordações não têm fim
canto, violão e poesia
saudade e melancolia
pois a vida quis assim.
N força desta saudade
torna mais viva a lembrança
de uma prendinha criança
que cresce neste jardim
entre ternuras sem fim
Meu Deus te
pergunto agora:
por que foi levado embora
o senhor que havia em mim?
E as lembranças viajam
na minha imaginação
pareço ouvir o violão
tocado pelo meu pai
quando uma lágrima cai
perdida na solidão
são mágoas do coração
do tempo que longe vai.
Estas saudosas lembranças
me trazem presa ao passado
aquele mundo dourado
que não voltará jamais
o meu recanto de paz
que se perdeu na distância
a canção da minha infância
cantada pelos meus pais.
Eu te pergunto Patrão Santo
pra onde foi esta
alegria?
aquela doce harmonia
que num dueto de voz
enfeitava a noite calma
e dentro da minha alma
deixou uma saudade atroz.
Hoje só resta
lembranças
das alegrias de outrora
que o tempo levou embora
deixando em meu coração
a imensa recordação
pois é de saudade agora
que o meu sorriso chora
ouvindo a doce canção.
E o tempo foi passando
no embalo desta canção
cantada com emoção
pelos meus queridos pais
e a saudade dói mais
ouvindo esta melodia
que o tempo leva e não traz
e chorando em canto agora
meus sonhos foram embora
são versos que a vida faz.