UMA RECEITA DE VIDA

Júlio César Paim

 

Digamos que em primeiro lugar

é preciso ter a consciência  de que tudo é possível...

que a vida é um eterno barco ao vento. É cada um de nós

talvez seja o remo e, ao mesmo tempo, o comandante da expedição...

Só nós podemos alterar o rumo. Mudar. Rumar numa nova direção...

Ir além do horizonte que se vê. Desejar a vitória. Conquistar. Vencer...

 

E não basta apenas querer vencer.Hay que se preparar,

com motivação! Na mente: disposição para os desafios,

e o desejo de chegar! Humildade e paciência, nunca é demais!

Na fronte – um ideal de águia- que voa alto e sabe o que busca!

No olhar: a alegria, a harmonia... E a incontestável rebeldia

de um cavalo, indomável, que não há como conter...

Paixão pela vida... Por viver. Um espírito  tigre dentro de si...

E coragem para decidir, convicto da decisão: “agora é a hora!
A hora de se lançar. De sentir o prazer de começar...

Fazer algo maior. Que realiza. Por  menor que possa parecer,

nada é insignificante na vida. É importante, sinto isso aqui dentro.

E já que dei o primeiro passo, agora eu vou até o fim...”

 

A cada passo que se dá na vida, fica no rastro  uma lição em luz...

Cada um de nós pode escolher, fazer o próprio caminho. Decidir

de onde partir, por onde passar, e o destino-final da caminhada...

Quem tem amigos de verdade, pode ir muito além do que imagina.

Mas quem pretende ir longe sem se perder, precisa amar a terra...

Respeitar a natureza. Amar cada estrela, e compreende-la...

...conhecendo sua posição em relação ao todo, á constelação...

 

E hoy que ter ainda, os pés no chão. E uma certeza a mais no olho.

...e ter um detalhado plano de viagem. que não tenha pressa de chegar,

mas que tenha um objetivo  bem definido e um tempo para a conclusão...

E trabalhar- feito uma formiga- por uma sociedade igual a das abelhas.

E nos momentos de dúvida, hoy que se deixar guiar pela intuição,

e por essa bússola vermelha que há no lado esquerdo do peito.

 

È pois, aconselhável,  sempre

que ao montar um cavalo, que ao partir para uma batalha...

...que ao assumirmos um barco, ou um projeto e sua execução...

façamos com leveza, com ternura e, ao mesmo tempo, com paixão

e uma vontade férrea capaz de transcender as nossas próprias mãos...

 

É fundamental que tudo

comece a ser feito com muito amor!

Com simplicidade. Com serenidade. Com imaginação...

E com aquela paz dos lírios brancos dos campos

que acordam cada manhã com o perfume de uma nova flor...

 

É  apaixonante – e essencial,

deixar-se elevar pelo mágico poder da criação... De criar!

Ver nascer, brotar! Buscar energia na lua e no sol. E trabalhar...

Enamorar-se do que se está fazendo. Entregar-se de corpo e alma.

E perceber em cada detalhe de tudo o que se faz, a nossa própria ascensão...

E ascender com ela. E se redescobrir em cada invento, em cada invenção...

E sem deixar de ser o que se é, sentir-se parte do novo em construção...

 

Então hay que dar-se um tempo, não mais que o suficiente

para que o que está sendo criado, moldado com emoção, se liberte

da razão, do medo de arriscar, de sonhar...Passe a acreditar em si...
Invente suas próprias asas. E voe livre, na direção que o coração apontar.

 

Sim, é vital, que a gente  sempre pare e ouça o que vem do coração.

esse eterno aprendizado que parece conhecer a vida eu sua plenitude,

mas que se nega a aceitar a condição de mestre, por considerar

que tudo é a´penas parte  de um grande aprendizado sem fim...

que  só se deixa revelar plenamente aos simples, aos de alma boa!

 

E é mais que de necessário que de vez em quando

deixemos que se libertem algumas mágoas, algumas lágrimas...

na garupa delas sempre vem um sorriso e um desejo incontido

de recomeçar! De cantar e dançar a valsa da vida de corpo inteiro...

 

E que a cada sol, nos libertamos do casulo da indiferença que,

sem o nosso consentimento, tenta nos privar da liberdade.

E que, desafiando aos nossos próprios limitas, nos superamos...

E, questionamos, sem auto-compaixão a nossa missão no mundo.

E então o que fizeste até hoje? O que farás a partir de amanhã?

Me conta o que tu já criaste? Qual a tua grande invenção?
Uma abelhinha que faz o mel capaz de curar a leucemia?

Uma pílula que sacia a fome, que acaba de vez com a solidão?

Uma árvore singular, que também é uma casa, e que a medida

que vai crescendo vai acolhendo toda a família sem jamais tombar?

 

Quem não lembra! Quando éramos pequenos,

sem máquinas, com uma material escasso, inventávamos de tudo....

de folha de laranjeira, cidreira e hortelã, se fazia um “guaraná”

que as vezes por falta de açúcar mais parecia remédio medicinal...

De sobras de retalhos de latas velhas, se fazia bonecas, trens de lata...

De laranjas pecadas, bolos de forno. E de restos de lã, palhaços, piratas.

Tinha asas, esse tempo! Enquanto uns reclamavam de não ter o que fazer

nós brincávamos de viver e sem se dar conta, reinventávamos a vida...

 

E apesar de alguns “desmancha-prazer” tentarem nos mostrar

que nossos brinquedos eram mal acabados, tinham defeitos...

A gente os ignorava. Fechava os olhos e não ouvia nada...

Para nós, eles eram perfeitos. Nos faziam sonhar!

 

 

E nós acreditávamos neles como se fossem parte de nós.

Talvez por isso tivessem o poder de nos transportar

a um mundo cor-de-rosa, onde quase que do nada se fazia tudo...

 

E tudo o que utilizávamos era reciclável. De algumas penas ,

se fazia um par de asas! E ninguém duvidava que era possível voar...

De alguns pedaços de tábuas se fazia um lar aconchegante

e havia a certeza de que a felicidade viria morar na nossa casa...

 

Se quando éramos muito menores do somos hoje

-e tudo aparentava ser bem maior que realmente era-

com quase nada fazíamos tudo o que imaginávamos...

porque será que a medida que a gente vai crescendo

parece que vai perdendo o poder de inventar, de criar?

Onde foi o nosso plano de futuro, o nosso projeto de vida,

os nossos sonhos? O que se fez com ele? O gato os comeu?

 

É pois, essencial, de tempo em tempo parar diante de si,

imaginar-se um espelho, e se questionar:

o que será que nós realmente perdemos ao querer crescer tão rápido,

sem reservar um tempo, para voltar ao interior e se reencontrar?

Será que ao tentarmos deixar os outros para trás, acabamos nos perdendo

e esquecendo ao longo do caminho um pouco do melhor de nós?

 

Não! Não nos compenetramos pelo que fizemos, quase sem notar....

Sempre é tempo de mudar. Tirar do erro uma lição. E continuar...

arrependidos, sim, mas de cabeça erguida, procurando acertar mais!

Cada acerto é um degrau a menos, para quem pretende chegar ao ápice...

Com justiça! A vida sempre consagra quem luta para vencer!

Mas para chegar lá, de vez em quando, é fundamental um reflexão!

Pôr os pés no chão... E se deixar contagiar pela incontestável rebeldia

de um cavalo indomável que –a cada tentativa frustrada de pealo

dos senhores da brutal exploração e da evolução desenfreada

se torna mais livre... Quem ama a liberdade tem um coração com asas!

 

Sim hay que ter a liberdade como um princípio!

E se deixar elevar pelo mágico poder de ser livre, de criar!

inventar um jeito de ser feliz... Que a felicidade

é um direito de todos nós- e tu, que és sensível, hás de compreender...

da alegria que me invade a alma, ao chegar enfim, à conclusão de que

viver é ser singular...

é construir o nosso barco, definir o nosso próprio rumo...E navegar

se necessário, poder voltar ao porto. Ancorar. E começar tudo de novo!

É aprender caminhar, com os pés no chão e os olhos nas estrelas...

é escolher o cavalo de nossos sonhos, e cavalgar em paz- para a vitória,

com a certeza de que tudo o que buscamos está ao alcance de nossas mãos!

Que tudo é possível na vida! Desde que se escolha um caminho com coração...