Que Ventos te Trazem ?
Julio César Paim
Se vens,
num flete negro-de-ciume,
repontando uma tropa magra de anseios
e uma tropilha de inveja, volte! ...
... volte
que eu não tenho pouso pra ti.
Se vens,
não apenas para matar a sede,
mas para secar a fonte de esperança
ou pra falar de outros que adiante seremos nós.
Volte! Volte que não tenho
tempo pra te escutar!
Me desculpe a franqueza,
mas bateste na porta do rancho errado.
No entanto
se vens num cavalo de vento
mais leve e mais branco que a neve ...
... de
alma aberta e coração em brasa, entre.
Entre a casa é tua!
Já vou aquecer a água pro
chimarrão.
Puxe um banco e sente !
Não repares
se durante a mateada eu não falar nada,
mi Hermano de pátria e consciência!
Teus olhos me dizem que te
conheço há muito
e portanto não precisamos de palavras.
O silêncio fala mais alto,
expressa mais.
Não rasguemos sedas !
Que o poncho da alma aquece mais ,,,
O importante é que vieste
Hermano,
e a porta do rancho sempre estará aberta para ti.
Nem partiste e já sinto tua
saudade.
Mais sei que voltarás em
breve,
porque vieste em nome da felicidade,
o que é fundamental para matear
com os deuses da paz.
E a paz é o esteio desse
rancho simples,
que tem no amor a base estrutural...
... e,
na verdade a fonte, manancial inesgotável,
que jamais haverá de secar
porque é daí que vem a água pra gente matear.