Memória
Juca Ruivo (José da Silva Leal Filho)
Memória dos bardos das
ramadas,
dos ilhéus, — das violas
Lusitanas:
memória das guitarras
Castelhanas,
em milongas, pericons e
habaneiras.
Lembrança das cordeonas
afanadas,
animando fandangos e
guerrilhas:
saudade das Tiranas e
Quadrilhas
nos sorongos, em noites
estreladas.
Tristeza das toadas
Missioneiras,
refletindo a angústia
Guarani!
Nostalgia do terço Lau Sus
Cri,
rezado ao pôr do sol, nas
Reduções.
Fascínio das histórias
fronteiriças,
de Caudilhos, duelos, —
entreveiros!
Sensações de canchas,
parelheiros,
no aconchego noturno dos
fogões!
Memória do Negro Pastoreio,
da Boi-Guaçu, das lendas
extraviadas,
das salamancas, das furnas
encantadas,
dos Cerros Bravos, Lagoas e
Peraus...
Nobreza dos amores confessados
no floreio de endeichas
cavalheiras
ao donaire das prendas e
sesmeiras,
das vetustas estâncias, nos
saraus.
Memória das paiadas
Quixotescas
de andarengos, malevas,
Chimarritas,
dos menestréis de trovas não
escritas,
dos cancioneiros de romance e
adaga!
Memória dum passado
novelesco,
desse filão de motes e poesia
donde gerou-se o estro e a
galhardia
do fidalgo verso Gauchesco!
M e m ó r i a . . .