CAÍQUE DE SONHOS

 José João Sampaio

 

Como eu queria

Transplantar a minha mágoa

Para uma humilde poça d’agua

Onde a lua vem se apear.

Bombeio longe

E nos meus sonhos supremos

No rio desse teu olhar...

 

Eu canto e sonho

Com um jeito de menino

Que embretou o seu destino

Nalgum potreiro da infância.

Por isso, as vezes,

Minha alma bugra entra em cio

E vira canção de rio

Sonorizando a distância.

 

Sou rio tranqüilo:

Estrada...Caminhos...Rastros,

Do lume eterno dos astros

Na quincha da madrugada

Isco meus sonhos

No clarão do amanhecer

E jamais hei de correr

Atrás de estrela apagada.

 

Por isso, linda,

Quando a noite cai em mim

Se acende lá no confim

Uma nova estrela a brilhar

E o rio que corre

Nos teus olhos...Ave matreira

Se transforma em cachoeira

E faz o caíque virar...