SORRISO

José Machado Leal

 

Em sonho, tu me disseste...

Quem sabe se eu te empresto

um pouco do meu sorriso?

De todo eu não preciso,

Sorrisos gosto de dar,

se eu te dou não vai faltar,

são flores do paraíso!

 

E o teu sorriso aceitei,

para aplacar esta dor,

brasa viva que arde em mim,

saudade sonho sem fim,

que só sew sonha sozinho,

mala cheia de carinho

que um dia deste pra mim.

 

Se teu sorriso aceitei,

me aceites tu como sou,

índio, mouro, caudilho,

dos enteveiros sou filho,

inté pro amor sou violento,

nasci c'a força do vento,

nunca gostei do lombilho.

 

Só o teu sorriso me amansa,

a tua presença me acalma.

De ti eu guardei o riso,

guardei o não e o sim,

guardei prantos, guardei cantos

e noites de mil encantos

suspiros que não têm fim.

 

E eu sorri do teu sorriso,

no meu tu te reencontraste

e, nesse enlevo profundo,

cruzei rios rasos e fundos,

andei no pampa infinito

e, pra não matear solito,

juntei pedaços de mundo.

 

Desse mundo meu e teu,

que criamos pra nós dois,

o mundo de que preciso,

caminhos por onde piso,

toda noite, todo dia,

segredos que eu não sabia,

guardados no teu sorriso.