José Oliveira Estivalet
Acho
que brotei no mundo
com
a específica missão
De
bem-querer este chão,
sua
história contos e lendas.
Pois
sempre sonhei em ser prenda,
Ter
uma faixa bonita,
ser
um cartão de visita,
Viver
para a tradição.
Pois
desde os primeiros passos
embora um tanto sapeca,
eu trajava as minhas bonecas,
só com retalhos de chita,
se alguém achasse “esquisita”
as
vestes que elas usavam,
para mim elas continuavam
mais prendadas e bonitas.
O
tempo foi se passando
e
o meu desejo aumentando
de
ter a faixa sonhada,
conviver com a gauchada,
formando uma só família,
estudar sobre os
FARROUPILHAS,
sobre os rio, as matas virgens,
imigrações, etnias...
- E, arrancar da
geografia
as
minhas próprias origens.
Do
restante dessa vida
Eu
não podia me queixar,
mamãe, a deusa do lar,
prestimosa o tempo inteiro,
papai, um homem campeiro,
forjado a frio e mormaço
como a têmpera de aço
do
garrão Sul-brasileiro
Mas,
algo estava faltando
que
seria o meu tesouro,
a
simples tira de couro
cruzada na meia espalda,
que
garbosa se desfralda
rindo do luxo e do ouro.
Então
pedia ao meu pai
quero ser prenda de faixa,
e
ele com a voz baixa
foi me dizendo que não.
Quem
batalha pelo pão
embora sendo gaúcho
não
pode se dar ao luxo
de
gastar com a tradição.
Porem
aquela resposta
foi
como uma punhalada,
senti as pernas cansadas,
meu
corpo todo tremia
pareceu- me nesse dia
que
o mundo desmoronava,
meu
coração se agitava
num
ímpeto de rebeldia.
Fui
jantar, não tive fome,
tentei dormir, mas não pude,
pensei qual a atitude
que
eu deveria tomar,
pedi para Deus me ajudar
a
descobrir um caminho,
e
no outro dia cedinho,
me
puz de joelhos a rezar.
No
silêncio do meu quarto
pedi à VIRGEM MARIA,
que
com sua santa magia
fizesse papai mudar,
pois nem só para trabalhar
vive um homem nesse mundo,
tem
algo bem mais profundo...
Que
é ser... Querer e amar...
Para
que eu possa ser prenda
faço qualquer sacrifício,
tradição é contra os vícios
que
a juventude se afoga,
na
lama negra das drogas
ao
fundo dos precipícios.
Me pareceu nessa hora
que
a imagem me compreendia,
pareceu- me que ela ria
enquanto eu lhe implorava,
pedindo o que me faltava,
já
que meu lar era farto,
E
parado à porta do quarto,
em
silêncio papai me olhava.
Ao
terminar a minha prece
com
calma me levante
e
ao me virar eu enxerguei,
papai parado me olhando
e
duas lágrimas rolando
pelo rosto do coitado,
me
disse filha querida,
darei minha própria vida
para ti ser PRENDA DO ESTADO.
Então
beijei sua face,
suas lágrimas eu enxuguei,
e
novamente olhei,
A
VIRGEM PRENDA MARIA...
pareceu- me que ela ria,
mas
não para fazer pirraça,
ela
estava achando graça
da
graça que eu recebia!!!