PIALO NA SORTE
Jorge Lima
Há tempos que eu não cantava
E o verso potro aporreado
Vinha sendo anunciado
Na idéia deste vaqueano
Que vem vindo ano por ano
Na lida bruta da vida
Cabresteando os pensamentos
Que trazem a rima escondida.
Já faz uns quantos janeiros
Que este gaudério
peleia
Tenteando botar maneia
Na sorte guaxa fujona
Que é potra
das mui gavionas
Maleva e não pede arrego
Mas com jeito e com carinho
Vou trazer pra os meus
pelegos.
Gauderiei por este mundo
Por gostar de ser teatino
Tropeando o próprio destino
Tempo a fora e vida acima
Buscando a sorte e a rima
Essências da minha alma
Afoito quando era piá
E hoje eu busco com calma.
Agora bem mais maduro
Curtido da lida bruta
Da recompensa da luta
Já tenho um rancho e minha prenda
E desta bárbara oferenda
De amor e de compreensão
Nasceram duas estrelas
Pra seguir a geração.
Amigos
tenho bastante
Todos com letras grandes
E peço a Deus que me mande
Saúde, paz e amizade
Mesclando a simplicidade
No meu rancho missioneiro
Eu domo as dificuldades
E vou amansando janeiros.
Agora neste arremate
Enchi de coragem o peito
Peguei a rima de jeito
Encilhei, botei o freio
E apartei deste rodeio
A tal sorte caborteira
Vou botar-lhe sobre-lombo
Pra deixar de ser matreira.