PEDIDO DE NATAL
Jorge Lima
Aqui é um peão missioneiro
Que ao bom Deus faz um pedido
Sem querer ser atrevido
Peço um pequeno presente
E o Patrão que é onipotente
Que a todos dá uma mão
Lhe peço só um minuto
De sua sagrada atenção.
Assim, com todo respeito,
Eu lhe faço meu pedido
Se não for tempo perdido
Eu pediria ao Senhor
Se desaforo não for
Volteasse tempo e distância
Com sua mão de bondade
Devolvesse minha infância.
Pois ficaria contente
Esta minha alma reiúna
Que não liga pra fortuna
Só me basta ter saúde
Voltaria a
infância rude
No meu pago missioneiro
Revendo alguns de meus sonhos
Junto ao fogão galponeiro.
E na criança que fui
Correndo os campos do pago
Esta vontade que trago
De rever coisas passadas
Saudade passa encilhada
Com meus aperos e garras
E o tempo puxando as rédeas
Do meu flete de taquara.
Eu queria andar na estrada
Na garupa, meus brinquedos;
Bem à vontade e sem medo
Nos bons tempos, sem violência
E na minha doce inocência
Marcaria a face nua
Com um beijo simples e puro
Na minha velha mãe chirua.
Neste pedido campeiro
No meu sonho de criança
Eu faria esta minha andança
Revendo cada momento
Queria correr com o vento
Nem que fosse só um pouquinho
Com a mão amiga de meu pai
A guiar o meu caminho.
Seria o melhor presente
Para este peão do Senhor
E assim se preciso for
Reforçaria o pedido
Guardando junto comigo
Um regalo sem igual
Pra completar a magia
Desta Noite de Natal!