HOMENAGEM A TRÊS MESTRES
Jorge Lima
Esta homenagem, que eu faço
A três mestres da da poesia campeira
Que levantaram a bandeira
Deste meu pago sulino
E que envidaram o destino
Nesta xucra devoção
De tirar versos da alma
Em defesa deste chão.
Fui assim desde piazito
Eu já gostava da rima
E desta estirpe sulina
De uma alma guapa, pura flor
Que andavam no corredor
Por onde o verso se expande
Levando poesias xucras
Pra enaltecer o Rio Grande.
Eu lembro o TIO ANASTÁCIO
Num BOCHINCHO de fronteira
De um CUSCO BAIO coleira
Da estância do Jayme Braun
Arisco igual o urutau
Com seu grito abagualado
Cantava a semana inteira
E o cusco
no seu costado.
Noutra feita num BOLICHO
Cantando ao velho estilo
Me topei com o Silva Rillo
Neste meu andar GAUDÉRIO
O Apparício
que é índio sério
Disse que estava me esperando
Pra mim
dar uma mão pro Nico
No barco de CONTRABANDO.
Depois disso fui levando
O meu CORAÇÃO BAGUAL
Lá na Rádio Farroupilha, no
centro da capital
Onde encontrei o Luiz Menezes
Poeta que já cantei muitas
vezes
Até parece que foi ontem
Repontava a TROPA AMARGA
Para o ALÉM DO HORIZONTE.
Depois disso
meus senhores
Comecei tropear solito
Mas lembro o que estava
escrito
Na minha primeira lição
Pois gravei no coração
Essas três vozes pampeanas
Que são eternas presenças
Nas payadas
campechanas.
E nas reuniões galponeiras
Na luz xucra dos braseiros
Sempre que falo primeiro
Reverencio a memória
Dos que hoje são história
E fazem parte do universo
Porque cantando meus mestres
Foi que aprendi fazer versos.