H E R A N Ç A S

JORGE LIMA

 

No galope deste tempo

Janeiros venho cruzando

Nos versos ando cantando

As memórias do meu pago

Herança xucra que eu trago

Semente que germinou

Brotando dela querência

No meu peito enraizou.

 

Trago restos de peleias

Guardados dentro de mim

Notas de algum clarim

Da minha gente farroupilha

Que seus feitos entropilha

Num rodeio de vitórias

Onde a nova geração

Vêm provar o sal da história.

 

É o grito de liberdade

Desta epopéia bagual

Que perpetuaram o ideal

De luta do nosso povo

E que peleiam de novo

Seguindo a voz da razão

Em defesa dos valores

Que moldaram nosso chão.

 

As vezes penso e me vejo

No meio de um entrevero

Pois que tem sangue guerreiro

Vive de lança na mão

E vêm calçando o garrão

Sempre agüentando o repuxo

Peleando por liberdade

Neste Rio Grande gaúcho.

 

Neste setembro fraterno

Que todo ano se ermana

Sintam o calor da chama

Nos quatro cantos do pago

Porque este fogo sagrado

Faz parte de nossa história

Num presente de progresso

E um passado de vitórias.

 

Pois este xucro legado

É herança que foi deixada

E vêm sendo perpetuada

Geração por geração

Na fraterna comunhão

De um sentimento profundo

Que cruza além das fronteiras

Pra se espalhar pelo mundo.

 

Nesta semana gaúcha

Atem o zaino no palanque

E no mais cheguem pra diante

Pra tomar um chimarrão

Que o mate da tradição

Pura folha, pura essência

Deixe no sangue e na alma

Gosto de pátria e querência.