COM PERMISSO

Autor: João de Freitas

intérprete: Roberto Lopes

Amadrinhadores: Xiruzinho e Luis dos Santos

Permisso, caro patrício

Pra soltar meu canto largo

Com oficio do meu cargo

Neste começo de noite

Num aspecto de açoite

Quando Rio Grande se hermana

Pra confraria dos versos

Pra cultura ter sucessos

Da guapa vida aragana.

 

      Neste galpão campechano

      De pau-a-pique barreado

      O pinho faz um costado

      Eu, patacoero, declamo

      A cultura do pampa eu chamo

      Quero contar as façanhas

      Do índio xucro do pago

      Que se criou meio vago

      Cruzando nossas campanhas.

 

Este gaúcho que falo

E o mesmo venta rasgada

Que ao toque de clarinada

No alvorecer do Rio Grande

E sem que ninguém mande

Montado, e bem a cavalo

Em prol da pampa gaúcha

De espada, lança e garrucha

Cinchando no mesmo embalo.

 

      Foi ele sim, o mangrulho

      O sentinela avançado

      Rude, guasca abaguala

      Que não conheceu maneia

      Mas pronto a qualquer peleia

      Sem nunca dobrar o penacho

      No velho estilo robusto

      Por que não nasceu de susto

      E nem foi criado guaxo.

 

Sempre esteve na vanguarda

Como ponteiro de tropa

Chapéu, batido na copa

Pachola e desafiador

Homem puro e peleador

Olhos de tigre em peleias

Que calça o pe e não recua

Pois traz o sangue charrua

Galopenado pelas veias.

 

É dele que a historia fala

Há mais de trezentos anos

Os seus feitos sobre-humanos

Aonde a coragem avança

Escrito a ponta de lança

Em tantas revoluções

Lutou sem pedir clemência

Pra defender a querência

Da gana de outras nações.

 

      Conserva o mesmo estoicismo

      Que recebeu por regalo

      Entre escolta de cavalo

      Com chuva, vento e frio

      Banhado, mato e rio

      Peleando por vitória

      Com o suor sobre a face

      Pra que o Rio Grande entrasse

      No ciclo da nossa historia.

 

Então meu caro patrício

O meu alerta já fiz

Do sul do nosso país

E dos homens peleadores

O históricos de valores

De adaga e lança na mão

De camisa aberta ao peito

Pra impor o respeito

Em defesa do nosso chão.

 

      Sim senhor muito obrigado

      Por me ouvir um momento

      Expressei o sentimento

      Daquilo que nos legaram

      E que também entregaram

      O que o gaúcho deseja

      Dentro da própria experiência

      Que o passado da querência

      Tem vida de alma andeja!