Um Dia de Natal

João Fontoura

Ah, meu deus quantos presentes

Junto aarve” de natal

Quantos filhos, afinal,

Hoje tem papai noel?

Mas, a vida é uma roleta

É uma corrida de estafeta

Todos cumprem o seu papel.

 

A missão que tem o homem

É ser bis, ser estribilho,

Transmitir para os seus filhos

A alegria do natal ...

Festejar, também o dia

Que nasceu numa estrebaria

Nosso cristo universal.

 

Mas, o vento desta noite

A ventar, geme nas portas

À lembrar pessoas mortas

Que já foram os meus noéis

Que hoje, é a dura realidade

 Viver a única saudade

Destes versos tão cruéis

 

O natal também é triste

Para muitos corações

Quando vem as recordações

Felizes de outros natais

Quando  gente era criança

E no presépio da esperança

Sem saber, sonhou demais.

 

Amanhã, quando os meus filhos

Festejarem ao cristo homem

Lembrarão também meu nome

Junto a arve’ de natal

E, algum deles, mais sentida

Sentira a dor comovida

De uma lágrima imortal.

 

Certamente que algum dia

Como eu, que choro agora

Contarão a mesma história

Com amargor deste relato

Que o noel é fantasia

E o papai a imagem fria

Branca e preta de um retrato.