RINHA DE GALO

João Benito Soares

 

Num bolicho de campanha

Que tinha lá no povoado

Foi num dia de feriado

Deu a tal rinha de galo

Lá no palanque, os cavalos

Era um dia muito frio

Foi que a proposta surgiu

Para a tal rinha de galos.

 

Só escutava a proposta

Que falavam os parceiros

Me lembrei do meu rinheiro

Que lá no rancho eu tinha

Foi formando a fofoquinha

Eu fui gostado do assunto

Botei o meu galo junto

Participando da rinha.

 

Difícil classificação

Trinta e um galo assinados

Botei meu galo atrasado

Encerrando a grande lista

Com pouca fé na conquista

Meu galo de pouca idade

Lutou uma barbaridade

Mas ficou nos finalistas.

 

Pois foi na final dos cinco

Já na primeira pegada

Eta que rinha da braba

O meu galo trabalhou

Parece que até me olhou

Num triste arrepio de morte

Acho até que foi por sorte

Mas meu galo se afirmou.

 

Vendo meu galo coitado

Pingando sangue da crista

Cego e sem uma vista

Eta que bicho ligeiro

Pois eu lhes digo, parceiro,

Meu galo não foi otário

Desnucou o seu contrário

Num tiro de desespero.

 

Hoje eu tenho aquele galo

Bem tratado no terreiro

Mas que bicho bem ligeiro

Isso eu digo sem medo

Falo, não tenho segredo,

Ás vezes peço até perdão

O meu galo tem visão

Somente do olho esquerdo.

 

Por isso não vou à rinha

Nem no rinhedeiro passo

Sinto no peito um guascaço

Lembrando rinhas passadas

A gente faz coisa errada

É uma fraqueza da mente

Fazer um bicho valente

Morrer a troca de nada.