TROPA DE VERSOS
João Batista de Oliveira Gomes
Mais uma vez eu levanto
Na rédea o pingo tordilho,
Pra um aparte de novilhos
Que vai marca e vai sinal,
Paro rodeio e dou sal
E reponto pra invernada,
Depois da tropa marcada
Pois se tem mais segurança,
E quando pronta pro abate
É só passar na balança.
Noutro rodeio que paro
Pra um novo aparte de verso,
Com minha tropa converso
Com calma ajeito a boiada,
E largo a tropa na estrada
E vou tropeando solito,
Na garupa um fiambrezito
Pra sesteada do tropeiro,
Nem sempre me sobra tempo
Pra fazer um carreteiro.
É na sombra de um capão
Ou na beira d'uma aguada,
Que se recosta a boiada
Quando a tarde vem chegando.
O pingo desencilhando
Pra descansar do lombilho,
Na soga fica o tordilho
Que ao romper da madrugada,
O tropeiro já prontito
Larga a tropa pela estrada.
À vocês faço a entrega
Encordoada campo a fora,
Eu tilinteio a espora
Indo do rancho ao galpão,
Já não é mais ilusão
Tá com marca minha boiada,
Tenho ela registrada
E já muito conhecida,
A tropa segue marchando
Pra no fim ser abatida.
E com o lenço empoeirado
Aqui cheguei amigaço,
Da estória do fim do laço
Fica a lembrança da estrada,
Da rima bem encordoada
Com minha marca de florão,
Esbarro cá no rincão
Onde minh'alma
se apega,
O verso que conta talha
À vocês faço a entrega.