SÓ DE RABICHO E PEITEIRA

João Batista de Oliveira Gomes

 

Sou crioulo lá de fora

Lá das bandas da fronteira,

E desde piazito aprendi

A velha lida campeira,

Quando um petiço encilhava

O velho recomendava,

Bota rabicho e peiteira.

 

E depois de moço feito

Fiz uma grande besteira,

Fui passear em Porto Alegre

Quando fechou a sinaleira,

Passou um vulto qualquer

Parecia uma mulher,

Só de rabicho e peiteira.

 

levei um susto tão grande

E senti uma tremedeira,

Mesmo assim saí correndo

Só se ouvia uma zoeira,

Sou macho e não me micho

Por Deus que pego este bicho

Só de rabicho e peiteira.

 

Quase me matei correndo

Não agüentava a canseira,

Na rua o povo gritava

Olha a baita fiasqueira,

E o bicho atirando a anca

Parecia uma potranca

Só de rabicho e peiteira.

 

Quase que o bicho me escapa

Na rua Pinto Bandeira,

Foi ali que ele sumiu

Entrando numa gafieira,

Eu já ouvi a algazarra

Notei que era grande a farra

Dos de rabicho e peiteira.

 

Na porta prendi um grito

É coisa de bagaceira,

E a bicharada berrou

-Já lanhou-se o porqueira,

Eu já fui baixando os braços

Pra não entrar no laço

Dos de rabicho e peiteira.

 

Tive que ficar calado

E só ouvindo besteira,

De vez em quando alguém dizia

Vou contigo pra fronteira,

E quando me dei por conta

Estava igual mosca tonta

Sem rabicho e sem peiteira.