RESGATANDO O PASSADO
João Batista de Oliveira Gomes
Hoje é dia de encontro
Da peonada no galpão,
Pra um trago, um chimarrão
E muito verso que sai,
Encontro de filho e pai
Da prenda e do peãozito,
Oigatê encontro bonito
Verso vem,
verso vai.
E dentro deste galpão
Um rancho velho entonado,
Que já está sendo criado
O
"Canto da Poesia",
Só de falar me arrepia
E me sinto emocionado,
Aqui se vive o presente
Mas resgatando o passado.
Esta é a razão de um encontro
Ao pé do fogo de chão,
A cuia de mão em mão
Sendo um pinho bordoneado,
Sempre fazendo um costado
E o verso sai corcoveando,
Eu sigo só repontando
A essência do meu estado.
No entrevero do verso
Que digo aquilo que sinto,
Juro por Deus que não minto
Um gaúcho não bobeia,
E o sangue das minhas veias
Que herdei de um caudilho,
Vou transmitir ao meu filho
Da tradição, as peleias.
Talvez só seja por isso
Que sou assim como sou,
Pois herdei do meu avô
Este xucro amor que trago,
Pela terra, pelo pago
Por isso faço o que posso,
Se morrer, morro peleando
Por tudo aquilo que é nosso.
E neste encontro, me encontro
Vivendo os tempos de outrora,
Cortando coxilha afora
Peleando sem ter peleado,
É assim que vivo o passado
Embora seja ilusão,
De pingo alçado no freio
De lança firme na mão.