RECADO A MEU VELHO PAI
João Batista de Oliveira Gomes
A você meu velho pai,
Que me escuta lá das alturas
Excelente criatura
Nos anos que aqui viveu
Quantos
conselhos me deu
E disto eu não esqueci,
Pois seguindo teus conselhos
Muito de bom aprendi.
E te mando esta mensagem
Escrita por minha mão,
É um recado deste peão
Que pra você vou mandar,
Pois me criou desde piá
E me deu educação
Eu te conheci como pai
E sou teu filho de criação.
E ao te chamar de meu pai
Até me sinto orgulhoso,
E também o pai poderoso
Que o mundo inteiro criou,
Só que tão cedo te chamou
Mas não te armaste mundéu,
É que ele te precisava
Na estância grande do céu.
E se o Patrão quis assim
O que nós vamos fazer,
É que temos que obedecer
As leis do patrão divino,
E não vamos perder o tino
Quando um de nós for chamado,
É que pra os filhos de Deus
No céu, há lugar reservado.
E quase todas as manhãs
Ao cevar meu chimarrão,
Pois te faço uma oração
E até falo com São Pedro,
Que não me guarda segredo
Porque as
vezes sou desconfiado,
Quero saber se no céu
Ele está sempre a teu lado.
E se é São Pedro o capataz
Aí da estância celestial,
Tu terás um bom lugar
Por ser gaúcho de talento
Pois nunca frouxaste um
tento,
Em toda a
hora precisa,
Para servir um semelhante
Tu dava até a camisa.
Neste recado que eu mando
Quero explicar pra você,
Que nunca vou esquecer
Do que contigo aprendi,
E vou vivendo por aqui
E pra Deus eu peço auxílio,
O que eu aprendi com você
Quero ensinar ao meu filho.